segunda-feira, 14 de agosto de 2006

Manifesto pelos Domingos no Parque...

Hoje vou começar pelo PS: - Aqui, neste post, logo terá uma (ou mais) foto, prometo!

E, agora, para não perder o momentinho de tempo livre, a inspiração que já quase vai indo embora, mas que ainda permanece, assim como a indignação pelo que me instigou a escrever aqui, vai lá: - Trata-se de um quase manifesto pelos parques de diversão à moda antiga, aqueles com roda gigante, carrossel e trem fantasma. Digo isso porque esses brinquedos fazem parte do meu imaginário e da realidade da minha infância, afinal, desde que me entendo fui criada numa cidade pequena (bem pequena aliá, pois, ontem mesmo, procurando-a no Google Erth não a encontramos com a rapidez que se encontra, por exemplo, Patos de Minas, mas, enfim). Aqui, nessa mesma cidade, onde agora crio minhas filhas vejo que elas não terão o imaginário povoado com essas mesmos brinquedos -imagens de um parque acolhedor, de passeios encantados durante as férias de julho e o inicio de agosto, pois agora, o parque que na minha época-infantil era chamado de "parcão" e agora, pela "nova geração" foi apelidado de "parquinho" (e isso, por si só, já é bastante significativo, já explica muitas mudanças...), continua com a mesma extensão, continua vindo à cidade uma vez por ano, na Festa do padroeiro da cidade, o Sr. Bom Jesus de Tremembé, continua, quiça, com o mesmo número de brinquedos, porém, agora, absolutamente TODOS são brinquedos frenéticos. Do tipo que roda, chacoalha, vira de cabeça pra baixo, dá milhares de trancos, faz que vai bater e não bate (ou bate)e enfim. Um parque para crianças híper-ativas, onde não há lugar para conversar, pois todos fazem um barulho infernal e alguns ainda tocam música bem alta, e de baixa qualidade, óbvio. Portanto deixo aqui meu manifesto pelas rodas-gigantes-que-rodam-tranquilas, que dão aquela paradinha providencial lá em cima para que outros possam nela entrar, lá em baixo, enquanto o casal lá do alto aproveita a parada para ver a Lua cheia, trocar olhares, carícias e promessas de amor eterno. Chamo pelo carrossel que já inspirou tantos escritores (digo tantos, por imaginar que assim seja, mas conheço de ter lido apenas Jorge Amado), a descrever seu mágico colorido que propicia um portal mágico para a felicidade, como acontece no "Capitães de Areia", há aquela bela passagem onde os meninos sentem-se como qualquer criança normal, que se encanta, que brinca e que conserva sua inocência intacta. E até por aquele Trem-fantasma trash, faço mensão e espero revê-lo um dia, a sugerir pesadelos àqueles que ousarem entrar no seu interior escuro, desafiando casais e crianças a provarem sua coragem - não a coragem de ficar de cabeça pra baixo, de rodar sem ficar enjoado, e sim a coragem dos caçadores de fantasmas, dos príncipes que enfrentam monstros e dragões, do menino corajoso que hoje já dorme com a luz apagada. Enfim, pra onde foi afinal a magia dos parques de diversões de - não faz tanto tempo assim- tempos atrás. Desse jeito me sinto velha... e, por cima, continuo a me sentir chata, pois, só de olhar pra esses brinquedos loucos, já enjôo e meu pescoço já avisa que vai doer. E só consigo pensar em vamosemboralogoqueeujátopassandomal!!!
Ah, vamos por um PS aqui no fim também: - Quando estava na barriga da minha mãe -assim conta ela- a doida deu de ir numa montanha russa, lá em São Paulo, devia ser dessas bem grandes, cheias de loopings, pois eu tive mesmo que nascer de cesária. Fiquei sentada lá dentro, acho que aquele movimento todo da montanha me deixou confusa...
- "PÔ mãe, que idéia! E você nem tem desculpa, naquela época tinha Roda Gigante, com certeza!".

2 comentários:

Cris Amorim disse...

Belo texto, saudoso...
O trem fantasma era 'simplesmente' demais e não tem algo tão romântico como a roda gigante!

Beijos querida, vou esperar pelas fotos!

Cris.

Anônimo disse...

São outros tempos, Auira, outros brinquedos e brincadeiras... Suspeito eu, porém, que no fundo, seja a mesma coisa - apenas uma mudança tecnológica, de cenários...
São estes nostos tempos frenéticos!...
Intranqüilos!...

Saudosista o texto.
Bonito e algo um mais sensível e/ou emotivo e/ou vivo que não consigo bem identificar...
Nada frio.
Me transmitiu um encanto ele, algo difícil...
Tocante.
E, infelizmente, não tive o prazer de ter aventuras românticas numa Roda Gigante...

Abraço, miss poetiza.

Sérgio.