quinta-feira, 19 de outubro de 2006

Chove!

E dia de chuva sempre me deixa meio maus, quer dizer, quase sempre, pois, às vezes, tem umas chuvas boas, de verão, que refrescam ou que trazem a vida para o sertão (até "rima" trazem também!), o que me deixa maus – não no sentido de doente (assim seria “mals”, eu acho, o contrário de “bens”), isso também fico, mas não é o caso desses dias de agora, o que me deixa mau com “u”, que é o contrário de bom, é saber do sofrimento que um dia de chuva traz para as pessoas. Fico assim, bem yin, quase água pura, caindo sobre as pessoas sem abrigo, trazendo consigo o frio, resfriando até os ossos. Imagino, aqui do meu relativo conforto, que pessoas nesse momento estão por aqui perto mesmo, de pés no chão, com a roupa rota, com a casa fria e sem luz, mesmo até sem comer. Que fazer. Fico assim. Compaixão? Se isso for conseguir colocar-se no lugar dos outros e imaginar você mesmo passando por situações dessas, como agiria, como pensaria... Se for isso acho que estou a caminho. Antes algo pior, mais mesquinho: pensar que por algum motivo eu mereço estar no meu “relativo” e “eles” não. Ora vá. Que doidice. Este “relativo” em que me encontro é que deveria ser a base, para todos. Tipo o Lula falou ontem, “o ponto de equilíbrio é a classe média”, e é isso que deveria ser mesmo. É um caso de desigualdade social, não por merecimento, mas por ambição demais de uns e exclusão demais de outros. É. A vida em que vivemos. Onde crio minhas filhas e temo pelo que elas ainda ao de passar, elas e tantos outros que desde já... Mas, deixa esse pensamento pra lá. Vamos sonhar que o Lula ganha e a coisa melhora e a chuva, qualquer que for, quiçá um dia, não me deixará mais maus (e nem mal). Amém!
Cartas...
Mas essa chuva também me deixa nostálgica e saudosa, por isso também, triste. Hoje, sobretudo tenho saudade dos amigos distantes. Teve uma hora que peguei uma caneta para anotar o nome de alguns amigos a quem estou devendo um email, uma carta ou um telefonema. Nossa, foram surgindo nomes, tantos que tive que começar a classificar através de várias chaves, balõezinhos, grifos e letras diferentes... De acordo com o lugar do papel também havia certa “colocação” em minha classificação. Ficou meio assim; na linha de baixo os colegas da faculdade, mas só o que dá para se comunicar por email, fui lembrando de outros também, que não tenho contato se não pelo número de telefone na agenda antiga lá do Rio ou através dos amigos dos meus. Enfim, pra esses abri uma chave especial (só dois, na verdade). Talvez eu ligue pra eles, só dois... talvez tente conseguir seus emais, orkuts, msns, skypes, blogs e fotologs. Endereço para carta, nossa! Quanto tempo faz que não escrevo pra alguém, num papel, coloco dentro de um envelope, levo até o correio, pago, fico na ansiedade de um contato futuro, uma resposta. Ai. Cartas. Acho que não dá mais mesmo. Salvo em raríssimas e boíssimas intençõezíssimas. U-A-U. E olha que já escrevi muitas cartas, outrora. Aí foi, a folha ficou repleta de nomes. Eagoraoquequeeufaço pra escrever pra toda essa gente acho que vai umas três tardes e três noites escrevendo – porque cada um merece sem dúvida uma atenção especial, e não fale um email padrão pra todo mundo, inda mais depois de tanto tempo, a gente tem que contar as novidades, perguntar das de lá, lembrar dos tempos em convívio, de amigos em comum, fazer declarações de saudade e mandar mil beijos, não me esqueça, vamos combinar de nos encontrar, de verdade, não vamos perder o contato, sério. Essas coisas.

5 comentários:

Anônimo disse...

Cultivar afetos deveria ser norma diária, Auiroca, se norma não fosse quase sempre arbitrária.(Incoerência...)

E o afeto é dado ao livre-arbítrio. Difícil exigi-lo. Bom é tê-lo como eu tenho a ti, assim, igualzinho.

Não é nada, não é nada, passaste a tarde com tudo!

Também eu queria que o mundo parasse um tantim pra por a prosa em dia. Por mim, poderia ser por email, mesmo, que receber um deles, dos grandes – dos bons amigos (distantes) e do amor presente – é sempre motivo pra alguma palpitação. Mas são raros, infelizmente. E não há a quem culpar senão o mundo. Mas é também o mundo que nos dá as coisas todas que queremos dividir com eles, inclusive as histórias vistas no cinema. Incoerências...

Anônimo disse...

E essa novidade de comentário moderado, que passa?

Auira Ariak disse...

Sessé, os moderados, é que eu estava recebendo uns comentários anônimos com virus, assim acabou. Só isso.
Gostei do que vc escreveu, visitei hoje o blog do wallace e da ana, do magneto, é bom, é feito pelo casal. Deu até a ideia de um nosso, já que a gente se inspira, poderiamos inspirar-nos e a outro também. Que tal? poe na lista aí das nossas coisas juntos então. Beijos!

Anônimo disse...

oi au...
tenho pensado muito em você por esses dias...estive em aparecida e tentei te ligar pra vc dar um pulo até lá, agente tava filmando...não consegui, infelizmente! o abraço apertado que te daria, te dou agora nessa fria tela, assim como são os dias últimos...
bjs nas meninas e um grandãozão pra vc!!!

Auira Ariak disse...

Barbara!!! Que bom vc por aqui. Abraço retribuido! vc também está na minha lista. Rsrsrs.
Beijão!