segunda-feira, 19 de junho de 2006

Vitória

Engana-se quem pensa que vou discorrer sobre a copa e a vitória do Brasil sobre a Austrália ontem. Não. Não se trata de futebol, isso eu deixo lá para os entendidos, que não são poucos nessa época. Pra ser sincera, futebol - sobretudo sua transmissão pela TV, me dá é muito sono. Desculpem, mas é verdade; quando muito gosto de assistir os melhores momentos - aqueles onde acontecem os lances mais esdrúxulos como gols-contra, juizes dando cabeçadas em jogadores, torcedores, cachorros e outros bichos invadindo o campo... mas são lances raros (assim como os gols bonitos), e, se já não tenho paciência para pescaria, muito menos para ficar esperando que o gol morda a bola. Ah sim, só para aproveitar o assunto, também gosto de ver os jogadores comemorando um gol recém feito - isso sim é, na minha opinião, o mais contagiantemente belo no futebol, e, se um dia tiver oportunidade de fotografar um jogo certamente ficarei esperando o momento que sucede o gol. De resto prefiro mesmo dormir e sonhar.
A vitória a que me refiro é bem pessoal, diz respeito à relação diária que vou tecendo com minha filha caçula, Luanda, a mesma que gosta de contar histórias pra gatos dormir. Vida de mãe é uma pequena conquista a cada dia, passo a passo vamos saboreando pequenas doses de doces vitórias dos filhos, e, para sentir esse gosto, quantas vezes temos que antes passar por amargos, azedos e salgados, nem sempre agradáveis. Tudo bem, assim eles (filhos) se valorizam. E a Luanda conseguiu fazer com que o momento de hoje cedo fosse lá nas alturas da "cotação de vitórias-diárias-mães-filhos" quando, depois de dias sofridos para ambas na hora da minha saída para o trabalho, onde ela sempre chora, pede pra eu ficar, pede pra vir comigo "trabalhar lá longe também", e tenho que sair com o coração apertado deixando o choro ficar pra trás, ou, sair escondida, mas sabendo que assim que ela notar minha falta vai chorar... enfim. Hoje, percebendo que eu já estava arrumada pra sair, mesmo com sono ela não quis ficar mais na cama e me acompanhou em todo o ritual pré-saída. Eu já ia imaginando a choradeira e pensava num jeito de sair escondida, mas ela marcou em cima e não teve como. Mas aí, a surpresa: me abraçou, beijou e foi sem chorar pro colo da Cleuza. E ainda me acompanharam até o portão me dando tchau e foi fazendo que sim com a cabeça quando eu disse que a buscaria na escola mais tarde. Ai-ai. Não vou negar que também fiquei com o coração apertado, assim como o dela deve ter ficado também, a julgar por sua carinha séria, mas a sensação de orgulho pela minha pequena, com sua coragem e força se mostrando desde tão cedo, veio massageando o peito e me levando a concluir que, isso sim, mereceria ser filmado, fotografado e comemorado em alto e bom som. Um fato belo e contagiante - mais ainda se dessem um close no meu sorriso persistente durante todo o caminho até o trabalho - a ser mantido para a posteridade.

OBS: O feriado prolongado ainda merecerá várias postagens vindouras...

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